CÂMARA ABRE CPI PARA INVESTIGAR O CASO TUCUNARÉ

1 Política Sudoeste Paulista
Prefeito Marcão é alvo de denúncia na Câmara / O presidente da Câmara Bruno Guazzelli

O cenário político de Fartura ganhou novos capítulos com o protocolo de duas denúncias na Câmara Municipal no dia 30 de setembro, ambas solicitando investigações por parte dos vereadores. Uma delas pede a cassação do vereador Luiz Timburi, enquanto a outra requer a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o chamado Caso Tucunaré, que envolve o prefeito Luís Marcos de Souza, o Marcão do Haras, e pode resultar em sua cassação.

A denúncia contra o prefeito foi apresentada pelo empresário farturense Aguinaldo Aparecido Janetti, que afirma que, “logo no início do mandato, Marcão autorizou informalmente que a empresa Tucunaré iniciasse a prestação de serviços na Garagem Municipal, realizando consertos em veículos da frota municipal de pequeno, médio e grande porte, como carros, ônibus, vans e máquinas pesadas”.

Segundo o documento, os serviços foram realizados por cerca de 70 dias consecutivos sem que houvesse processo licitatório, dispensa de licitação ou contrato formal, o que configuraria violação à Lei nº 14.133/2021. O denunciante declara ter presenciado pessoalmente os trabalhos, o trânsito de veículos da Prefeitura e o contato direto entre servidores e mecânicos da Tucunaré, colocando-se à disposição para prestar esclarecimentos.

A denúncia ressalta ainda que os fatos já são objeto de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público, no qual Aguinaldo figura como testemunha. O documento menciona que o promotor de Justiça apreendeu o celular do secretário de Obras e Serviços, Márcio Campos, onde teriam sido encontradas mensagens, listas de peças e cronogramas de serviços realizados pela empresa.

O denunciante aponta que a Tucunaré atuou sem licitação, contrato público ou emissão de notas fiscais, configurando favorecimento indevido e prejuízo ao erário, além de violar os princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade previstos no artigo 37 da Constituição Federal.

Foram citadas diversas testemunhas para serem ouvidas pelos vereadores: Márcio Campos (chefe do Setor de Transportes), Tércio Andrade Correia (responsável pelos orçamentos), Eduardo (garagem municipal), Daiane Zambom (servidora da garagem), motoristas da Educação e Saúde, Everton (setor de Licitação), Victor Sales (chefe de Gabinete) e os sócios da Auto Giro, Marcus Frank Stuani e Aguinaldo Gianetti, que prestaram serviços na mesma garagem e emitiram orçamentos que teriam servido de base para os valores apresentados pela Tucunaré.

Na manhã de quarta-feira, 1º de outubro, o prefeito Marcão do Haras esteve na Câmara tentando evitar o processo de cassação. Questionado pela reportagem, ele enviou um áudio, reproduzido integralmente no site do Jornal Sudoeste Paulista (link aqui).

Declarações do prefeito

“Pedi aos vereadores que abrissem a CPI, porque não devo nada a ninguém. Sou uma pessoa honesta, transparente e trabalhadora. Meu caráter não deve ser julgado por pessoas sem competência – apenas Deus pode me julgar”, afirmou o prefeito.

Ele acrescentou que o caso já é investigado pelo Ministério Público sob sigilo desde o início do ano e declarou estar tranquilo: “Não tenho nada a esconder. O grande problema de Fartura é a política suja, desonesta e de corrupção. Eu não sou isso. Em breve, o resultado da CPI mostrará minha inocência.”

Formação da CPI

Na manhã de quarta-feira, 1º de outubro, os vereadores se reuniram para discutir as denúncias referentes ao vereador Luiz Timburi e ao Caso Tucunaré. Os parlamentares Anderson Cassiano, Bruno Guazzelli, João Buranello, Juliano Damásio e Sildemar Fabro apresentaram o Requerimento nº 166/2025, solicitando oficialmente a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso, que envolve o prefeito, secretários, servidores e até alguns vereadores.

Em entrevista à Rádio Nova Voz, o vereador Bruno Guazzelli explicou que o requerimento será lido na próxima sessão, quando será definida a composição da CPI – com presidente, membro e relator escolhidos conforme a proporcionalidade partidária. “A partir do momento em que há mais de três assinaturas na denúncia, a CPI está instaurada”, esclareceu.