Policiais estavam por coincidência no prédio em que mora o servidor da Alesp e se surpreenderem ao encontrar R$ 14 milhões com ele. Apontado como operador, ele pagava contas do prefeito, segundo a PF, e atuava em gabinete de deputado, que irá exonerá-lo.

A Polícia Federal descobriu por acaso um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Prefeitura de São Bernardo do Campo ao apreender cerca de R$ 14 milhões com o servidor da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Paulo Iran Paulino Costa, apontado como operador financeiro do grupo. O flagrante ocorreu em 7 de julho, quando agentes cumpriam outra operação no prédio onde ele mora. Foram encontrados quase R$ 13 milhões e US$ 157 mil em espécie no apartamento e no carro do servidor, que está foragido com prisão preventiva decretada.
Segundo a investigação, Paulo Iran arrecadava e distribuía valores pagos por empresas com contratos nas áreas de obras, saúde e manutenção, além de gerenciar pagamentos pessoais do prefeito Marcelo Lima (Podemos), da primeira-dama e da filha do casal. Entre as despesas custeadas estariam contas de telefone, faturas de cartão e mensalidades de faculdade de medicina. O operador também mantinha registros informais do fluxo de caixa em bilhetes e se comunicava com outros integrantes por celulares clandestinos.
Nesta quinta-feira, a PF deflagrou a Operação Estafeta, cumprindo 20 mandados de busca e apreensão, quebras de sigilo bancário e fiscal, afastamentos de cargos públicos e monitoramento eletrônico de investigados em São Bernardo e cidades vizinhas. Marcelo Lima foi afastado por um ano e deverá usar tornozeleira eletrônica. A vice-prefeita, sargento da PM Jéssica Cormick (Avante), de 38 anos, assumiu o comando do Executivo.
Foram presos o empresário Edmilson Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco Ltda., com R$ 400 mil em casa, e o servidor municipal Antônio Rene da Silva Chagas, diretor de Departamento na Secretaria de Coordenação Governamental. O presidente da Câmara e primo do prefeito, vereador Danilo Lima Ramos (Podemos), e o suplente Ary José de Oliveira (PRTB) também são alvos da investigação.
Marcelo Lima assumiu a prefeitura em janeiro após vencer as eleições de 2024, em que derrotou no segundo turno Alex Manente (Cidadania). Ele foi vice de Orlando Morando (PSDB) por dois mandatos e chegou a ser deputado federal em 2022. Segundo a PF, o prefeito era o líder do esquema, controlando diretamente o repasse de propinas oriundas de contratos públicos.
Os investigados podem responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa. A Prefeitura informou que colabora com as apurações e que os serviços municipais não serão afetados.

além de Danilo Lima

FONTE G1