
A juíza eleitoral da Comarca de Fartura, Roberta de Oliveira Ferreira Lima, da 234ª Zona Eleitoral, proferiu sentença na terça-feira (29), determinando a cassação dos diplomas do prefeito de Sarutaiá, João Antônio Fuloni (João da Tapera), e de seu vice, Alessandro José de Lova (Gango). A decisão, em primeira instância, também declarou ambos inelegíveis por oito anos.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) foi instaurada logo após as eleições, motivada por denúncias de compra de votos. Diante da gravidade das acusações, a Polícia Federal foi acionada e realizou operações de busca e apreensão. Na época, uma pesquisa divulgada pelo Jornal Sudoeste Paulista apontava Moisés como favorito. No entanto, o resultado final apontou João da Tapera como vencedor, em meio a suspeitas de fraude eleitoral.
O ex-prefeito Isnar Freschi Soares e o vereador Paulo Henrique da Silva (Paulinho) já haviam sido punidos por irregularidades semelhantes, assim como o partido político da base governista.
Após a conclusão das investigações, o Ministério Público Eleitoral solicitou a condenação dos envolvidos. A sentença determinou, além da cassação dos mandatos, a aplicação de multa individual no valor de R$ 45 mil, em razão do uso de recursos financeiros para a compra de votos.
A juíza concedeu Tutela de Urgência, suspendendo os mandatos de João da Tapera e de seu vice, determinando que a Câmara Municipal deverá nomear o presidente do Legislativo, Rodrigo Dulícia Fuloni – irmão do prefeito – como prefeito interino, a partir do dia 12 de agosto.
Segundo a decisão judicial, os investigados ofereciam R$ 400 por voto, divididos em duas parcelas: uma paga antes e outra após o pleito. Testemunhas relataram ter sido contratadas para intermediar a compra de votos. Adriano Alves, eleitor e apoiador da chapa eleita, também foi condenado à inelegibilidade por oito anos por participar da operação.

DEFESA
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), caso a decisão não seja cumprida dentro do prazo, será realizada a retotalização dos votos considerados nulos e atribuídos à chapa cassada. Apesar da sentença, os políticos permanecem nos cargos, uma vez que ainda cabe recurso.
Em nota, a Prefeitura de Sarutaiá informou que, até a manhã de quarta-feira (30), não havia recebido notificação oficial e aguardava os trâmites legais para adotar as medidas cabíveis.
A Assessoria de Imprensa da Prefeitura declarou ao g1 que os investigados irão recorrer da decisão, por se tratar de julgamento em primeira instância, e reforçou que João da Tapera permanece no cargo enquanto aguarda o recurso.
“Nós entendemos que não há motivo para a cassação. Essa penalidade é extremamente severa, não apenas para o prefeito e o vice, mas também para a população, que os escolheu democraticamente para exercer o mandato de quatro anos”, afirmou a defesa.