
A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que completa dois anos, pode estar se aproximando de um desfecho. Nesta quarta-feira, Israel e Hamas assinaram a primeira fase do plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após intensas negociações mediadas por Egito, Catar e Turquia.
O acordo prevê a libertação de todos os reféns israelenses sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 – quando o grupo lançou um ataque coordenado contra Israel, matando mais de 1,2 mil pessoas e sequestrando 251. Desde então, mais de 60 mil palestinos morreram na Faixa de Gaza, segundo autoridades locais, em meio à ampla ofensiva israelense e a uma grave crise humanitária.
Pela proposta americana, o Hamas tem 72 horas para libertar as vítimas, enquanto Israel deve liberar prisioneiros palestinos. As tropas israelenses recuarão para posições acordadas, e a entrada de ajuda humanitária será ampliada. A assinatura foi celebrada tanto em Israel quanto na Faixa de Gaza: em Tel Aviv, familiares dos reféns se reuniram na chamada “Praça dos Reféns”; em Gaza, moradores foram às ruas para comemorar o cessar-fogo.
Trump classificou o acordo como “um grande dia para o mundo árabe, para Israel e para os Estados Unidos”, e destacou que ele representa “os primeiros passos em direção a uma paz duradoura”. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou o tratado de “vitória diplomática e moral” e agradeceu às forças de defesa pelo resultado. O Hamas, por sua vez, elogiou o papel dos mediadores e pediu que os países garantidores assegurem o cumprimento dos termos por Israel.
O plano de paz

A proposta americana, apresentada no fim de setembro, contém 20 pontos e prevê que a Faixa de Gaza se torne uma zona livre de grupos armados. Integrantes do Hamas poderão receber anistia se entregarem as armas e se comprometerem com a convivência pacífica.
Durante o período de transição, Gaza deve ser administrada por um comitê formado por palestinos tecnocratas e especialistas internacionais, sob supervisão de um novo órgão – o “Conselho da Paz” – presidido por Trump. Esse comitê será responsável por serviços públicos e pela reconstrução do território, com recursos supervisionados por uma Força Internacional de Estabilização (ISF), encarregada de treinar a nova polícia palestina.
As forças israelenses se retirarão gradualmente, e o perímetro de segurança será mantido até que o risco de novos ataques seja eliminado. O plano também prevê a desmilitarização completa de Gaza e a destruição da infraestrutura bélica.

Futuro da Palestina
O texto é vago quanto à criação de um Estado palestino, mas indica um caminho em direção à autodeterminação. Segundo a Casa Branca, o reconhecimento dependerá da reconstrução de Gaza e de reformas na Autoridade Palestina, que futuramente assumiria o governo do território.
Nos bastidores, aliados dos Estados Unidos têm pressionado por uma solução de dois Estados – Israel e Palestina coexistindo pacificamente. O governo israelense, porém, mantém resistência à proposta. Trump também criticou o reconhecimento unilateral da Palestina, afirmando que isso representaria “uma recompensa ao terrorismo”.

Paz ainda incerta
Apesar do avanço, analistas alertam que o cessar-fogo não garante o fim definitivo da guerra. Questões cruciais permanecem em aberto, como o desarmamento completo do Hamas, a extensão da retirada israelense e o futuro governo de Gaza.
O presidente americano, que busca consolidar sua imagem como mediador global e é cotado para o Prêmio Nobel da Paz, afirmou que, se o Hamas descumprir o acordo, enfrentará um “inferno total”. Já Netanyahu reafirmou que continuará perseguindo uma “vitória total” contra o grupo, ainda que o cessar-fogo seja considerado um passo histórico em direção à paz no Oriente Médio.
FONTE G1