
Pesquisadores da Universidade de Leicester, no Reino Unido, descobriram que a vespa-joia (Nasonia vitripennis), conhecida por seu brilho metálico, é capaz de desacelerar o envelhecimento biológico. O segredo estaria em uma pausa natural durante o desenvolvimento larval, que retarda o chamado “relógio epigenético” antes mesmo da fase adulta.
Os resultados, publicados na revista científica PNAS, mostram que vespas que passaram por esse estado de dormência viveram mais e envelheceram mais devagar. A pausa, induzida pela exposição das mães ao frio e à escuridão, provocou um fenômeno chamado diapausa, semelhante à hibernação, que atrasou o desenvolvimento das larvas.
Ao retomarem a atividade normal, essas vespas adultas apresentaram expectativa de vida 36% maior e envelhecimento molecular 29% mais lento em comparação às que não passaram pela diapausa. A medição foi feita com base no “relógio epigenético”, que considera modificações químicas no DNA – como a metilação – acumuladas ao longo do tempo.
“É como se as vespas que fizeram uma pausa no início da vida voltassem com tempo extra no banco”, explicou o professor Eamonn Mallon, especialista em Biologia Evolutiva e autor sênior do estudo.
A vespa-joia vem ganhando destaque científico por possuir um sistema de metilação do DNA semelhante ao dos humanos e por sua vida curta, o que facilita experimentos sobre longevidade. O estudo também apontou alterações em vias metabólicas relacionadas à insulina e à detecção de nutrientes – as mesmas estudadas em terapias antienvelhecimento humanas.
Embora outras espécies também consigam desacelerar o envelhecimento durante a dormência, esta é a primeira vez que o efeito é observado de forma persistente após o retorno à atividade, com impacto direto no ritmo de envelhecimento.
Segundo Mallon, a descoberta abre novas possibilidades de pesquisa tanto sobre a biologia das vespas quanto sobre intervenções que atuem nas raízes moleculares do envelhecimento humano. “Em resumo, esta pequena vespa pode conter grandes respostas sobre como podemos dar uma pausa no envelhecimento”, conclui o cientista.
FONTE G1