Um terremoto de magnitude 8,8 atingiu a costa da Península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, na manhã de quarta-feira (30, horário local) – noite de terça-feira (29) no Brasil. O tremor, registrado a 125 km da cidade de Petropavlovsk-Kamchatsky e a cerca de 19 km de profundidade, foi o mais forte desde o sismo de Tōhoku, que devastou o Japão em 2011.
O abalo provocou um tsunami com ondas de até 5 metros, que se espalhou por diversas regiões banhadas pelo Oceano Pacífico. Alertas foram emitidos para Rússia, Japão, Estados Unidos (incluindo Havaí e Alasca), Canadá, México, Guatemala, Equador, Peru, Chile, Costa Rica e outras áreas insulares do Pacífico. As autoridades realizaram evacuações preventivas, suspenderam atividades marítimas e orientaram a população a evitar áreas costeiras.

atingida por tsunami — Foto: Governo da Região de Sacalina/AFP
Impactos registrados
Na Rússia, as ondas atingiram de 3 a 5 metros, especialmente na Península de Kamchatka e nas Ilhas Curilas. Em Severo-Kurilsk, portos foram inundados e embarcações destruídas. Em Yelizovo, instalações pesqueiras e até um jardim de infância sofreram danos. Mais de 2 mil pessoas foram evacuadas e há relatos de feridos leves.
No Japão, ondas de até 1,3 metro atingiram cidades costeiras como Kushiro, Iwate, Takahagi e Hitachinaka. Cerca de 1,9 milhão de pessoas foram orientadas a evacuar em 21 prefeituras. O país mantém vigilância em toda a costa do Pacífico, de Hokkaido a Kyushu.
No Havaí, as ondas chegaram a 1,74 metro durante a madrugada. O estado declarou emergência, suspendeu voos em Maui e ordenou evacuações em áreas vulneráveis. Já na costa oeste dos EUA — de Kodiak (Alasca) a La Jolla (Califórnia) —, foi registrado aumento do nível do mar. No México e no Canadá, também foram adotadas medidas preventivas.
Em ilhas do Pacífico como Guam e Micronésia, houve alertas para evacuação. Na América do Sul, Chile e Equador — incluindo as Ilhas Galápagos — registraram ondas de até 3 metros. A Costa Rica e outros países da América Central também ativaram protocolos de segurança, ainda que os efeitos tenham sido mais brandos.

Como se formou o tsunami?
O tremor ocorreu em uma região de intensa atividade sísmica, no chamado Círculo de Fogo do Pacífico. Quando há movimento entre placas tectônicas, o fundo do mar é deslocado abruptamente, empurrando bilhões de litros de água e gerando uma onda que se propaga a centenas de quilômetros de distância — um tsunami. No fundo do oceano, essas ondas podem atingir velocidades superiores a 800 km/h e percorrer vastas áreas do globo.
Embora a primeira onda nem sempre seja a mais forte, os riscos persistem por horas após o evento. Por isso, alertas permanecem em vigor, especialmente para possíveis correntes marítimas anormais e marés altas.
Um dos terremotos mais intensos da história recente
Com magnitude 8,8, o tremor de Kamchatka é considerado o sexto mais forte da história moderna, superando eventos como o da Turquia e Síria (2023, 7,8) e o do Alasca (2021, 8,2). Desde o desastre de Fukushima em 2011 (9,1), nenhum abalo sísmico havia alcançado essa magnitude.
Kamchatka já havia sido cenário de terremotos intensos, como o de 1952 (9,0). A região é constantemente monitorada por conta de seu histórico geológico.
Monitoramento contínuo
Segundo o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, embora as ondas estejam perdendo força, o risco ainda não foi totalmente descartado. Autoridades continuam monitorando o deslocamento marítimo e pedem que moradores de áreas litorâneas permaneçam atentos e evitem retornar às zonas de risco nas próximas 24 horas.
Até o momento, não há registro de mortes confirmadas.
FONTE G1