‘CHOCANTE AGRESSÃO DE TRUMP AO BRASIL’ É DAS MAIORES INTERFERÊNCIAS NA AMÉRICA LATINA DESDE A GUERRA FRIA

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Segundo a revista britânica, gatilho para ações de Donald Trump contra o Brasil parece ter sido reunião de cúpula dos Brics no Rio de Janeiro.

Lula e Donald Trump — Foto: Getty Images via BBC

Em reportagem publicada nesta quinta-feira (24), a revista britânica The Economist classificou como uma das maiores interferências dos EUA na América Latina desde a Guerra Fria o anúncio do governo Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras e suspender vistos de ministros do STF.

Segundo a revista, o estopim das medidas teria sido a cúpula do Brics, realizada no início de julho no Rio de Janeiro. A publicação destaca a rivalidade ideológica entre Trump e o presidente Lula, além das críticas de aliados do ex-presidente americano às investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes sobre desinformação nas redes sociais.

A resposta do STF, que impôs medidas restritivas a Jair Bolsonaro — como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de uso das redes — também foi descrita como “agressiva”.

As ações de Trump estão produzindo efeito contrário ao esperado: têm fortalecido Lula politicamente. O apoio ao presidente cresceu, e ele agora lidera a corrida eleitoral de 2026. Até o Congresso, dominado pela direita, estaria se unindo em torno de Lula e cogitando retaliações comerciais.

A reportagem ainda destaca que as tarifas devem impactar mais fortemente empresas localizadas em redutos bolsonaristas, o que gerou críticas até mesmo da confederação de agricultores e do próprio Bolsonaro, que tenta se desvincular do caso.

Outro ponto sensível, segundo a revista, são os ataques americanos ao Pix. O sistema, que democratizou o acesso a serviços financeiros no Brasil, teria afetado os lucros de empresas como Visa e Mastercard — o que ajudaria a explicar parte da reação dos EUA.

Apesar de reconhecer que o Brasil adota práticas protecionistas, a revista afirma que a preocupação de Trump parece ser mais política do que comercial. Tentativas do governo brasileiro de negociar com Washington, desde maio, teriam sido ignoradas.

FONTE G1