
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou ataques contra times esportivos que mudaram de nome para evitar termos considerados racistas. As declarações fazem parte de sua agenda “anti-woke”, que rejeita políticas progressistas e revisionismos históricos, fortalecendo sua base conservadora.
Trump ameaçou interferir na construção de um novo estádio do Washington Commanders, time da NFL, caso a equipe não volte a se chamar “Redskins”. Ele também criticou o Cleveland Guardians, da liga de beisebol, por ter retirado o nome “Indians”.
As mudanças ocorreram após décadas de críticas por parte de organizações indígenas e defensores dos direitos civis, que consideram os antigos nomes ofensivos e estereotipados. O “Redskins” foi abandonado em 2020, e o “Indians”, em 2021.
Em sua plataforma Truth Social, Trump escreveu: “Posso impor uma restrição para que, se não mudarem o nome de volta para ‘Washington Redskins’ e se livrarem do ridículo ‘Commanders’, não apoiarei o acordo para a construção do estádio em Washington.” O presidente tem, no entanto, pouca margem legal para intervir, já que o governo federal não tem jurisdição sobre o distrito de Washington, D.C.
Trump também afirmou que as mudanças teriam sido feitas contra a vontade dos próprios povos indígenas, dizendo que sua “herança e prestígio estão sendo retirados”. A alegação, porém, é rejeitada pela maioria das organizações indígenas. Um estudo da Universidade de Michigan, de 2020, mostra que a maioria dos nativo-americanos é contra o uso de nomes ou mascotes indígenas em times esportivos.
O presidente alegou ainda que Matt Dolan, dono dos Guardians, perdeu as primárias republicanas ao Senado por Ohio em 2022 e 2024 devido à mudança de nome da equipe.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que Trump “gosta de esportes” e “não é um presidente tradicional”, e que está realmente disposto a interferir. Mas não deu mais detalhes.
Fora do esporte, Trump já combateu outras políticas inclusivas. No início de seu mandato, assinou uma ordem para cortar verbas de escolas que abordassem racismo ou teoria de gênero. Ele também extinguiu políticas de diversidade em agências federais e tem pressionado empresas a fazer o mesmo.
O presidente do Cleveland Guardians, Chris Antonetti, afirmou ao jornal The Athletic que o clube está focado no futuro e não pretende retomar o antigo nome. Já o Washington Commanders não comentou oficialmente as ameaças de Trump, mas reiterou em outras ocasiões que não planeja voltar a se chamar “Redskins”.
As declarações de Trump coincidem com a repercussão do caso Epstein. O republicano vem sendo criticado por evitar comentar a “lista de clientes” do financista, cuja divulgação ele prometeu, mas não cumpriu após o Departamento de Justiça divulgar um relatório sem novidades sobre o caso.

FONTE G1