PRESO SUSPEITO DE ENVOLVIMENTO EM ATAQUE HACKER

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Segundo os investigadores, ele é funcionário de uma empresa que conecta bancos menores aos sistemas PIX do BC e deu aos hackers a senha ao sistema sigiloso.

Polícia Civil prende em SP suspeito envolvido em ataque hacker contra o Banco Central

A Polícia Civil de São Paulo prendeu na quinta-feira (3) o homem suspeito de facilitar um dos maiores ataques hackers ao sistema financeiro brasileiro que desviou ao menos R$ 541 milhões de uma empresa que presta serviços a bancos menores e fintechs para realizar operações com o Banco Central, entre elas, o PIX.

O ataque cibernético que afetou pelo menos seis bancos causou alvoroço no mercado financeiro na quarta-feira (2).

Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o preso, João Nazareno Roque, é funcionário da empresa de tecnologia C&M Software (CMSW) e deu acesso pela máquina dele ao sistema sigiloso para os hackers que efetuaram o ataque.

À polícia, Roque disse que vendeu a sua senha por R$ 5 mil a hackers em maio e depois, por mais R$ 10 mil, participou da criação de um sistema para permitir os desvios. Ele relatou que só se comunicava com os criminosos por celular e não os conhece pessoalmente. Além disso, contou que trocou de celular a cada 15 dias para não ser rastreado.

O caso veio a público quando a BMP, empresa que é cliente da C&M, registrou um boletim de ocorrência relatando que havia sido alvo de desvios milionários, e a C&M que reportou às autoridades um ataque às suas infraestruturas.

De acordo com a C&M, criminosos usaram credenciais, como senhas, de seus clientes para tentar acessar seus sistemas e serviços de forma fraudulenta. Isso permitiu o acesso indevido a informações e contas de reserva de pelo menos seis instituições financeiras.

O BC ainda não informou o nome de todas as instituições afetadas. Também não há confirmação oficial sobre os valores envolvidos no ataque, mas fontes da TV Globo estimam que a quantia pode chegar a R$ 800 milhões.

Banco Central do Brasil (BC). — Foto: Adriano Machado/ Reuters

Apesar de as instituições indicarem que não houve nenhum dano às contas e informações de seus clientes, especialistas alertam para os impactos significativos no próprio sistema financeiro.

Após o incidente o BC afirmou que determinou o desligamento do acesso das instituições financeiras afetadas às infraestruturas operadas pela CMSW (C&M Software).

Essa suspensão cautelar imposta pelo BC à empresa foi substituída por uma suspensão parcial. “A decisão foi tomada após a empresa adotar medidas para mitigar a possibilidade de ocorrência de novos incidentes”, afirmou o BC.

Micaella Ribeiro, da IAM Brasil, acredita que o incidente também deverá atrair atenção de reguladores, como o BC e o Conselho Monetário Nacional, que vêm acompanhando o risco sistêmico associado à transformação digital do setor.

Fonte G1