AUTORIDADES EMITEM ALERTA APÓS MORTES POR METANOL EM BEBIDAS ADULTERADAS

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Bebidas alcóolicas falsificadas são apreendidas pela Polícia Civil

A Prefeitura de São Bernardo do Campo confirmou nesta segunda-feira a terceira morte suspeita por intoxicação com metanol na Grande São Paulo. As vítimas são homens de 58 e 45 anos, atendidos no Hospital de Urgência e em uma unidade da rede particular. Os exames do IML ainda vão confirmar a causa.

Na capital, um homem de 54 anos, morador da Zona Leste, morreu em 15 de setembro após apresentar sintomas dias antes. Além dos óbitos, há pelo menos 10 casos em investigação na cidade.

Segundo o Ministério da Justiça, o Sistema de Alerta Rápido sobre drogas recebeu, em 25 dias, notificação de nove casos de intoxicação no estado relacionados a bebidas alcoólicas adulteradas, como gin, whisky e vodka. O número é considerado atípico pela gravidade e velocidade dos registros.

Investigações e suspeitas

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) aponta que o metanol usado na adulteração pode ter origem em cargas importadas ilegalmente pelo PCC para adulterar combustíveis. Com o fechamento de distribuidoras ligadas ao esquema, a substância poderia ter sido repassada a fábricas clandestinas de bebidas.

Na capital, a Polícia Civil investiga uma adega da Zona Sul, onde quatro jovens entre 23 e 27 anos compraram gin adulterado. Um deles, Rafael dos Anjos Martins Silva, permanece em coma após complicações graves. Outra vítima perdeu a visão, e uma jovem relata sequelas neurológicas.

O que é o metanol

O metanol (CH₃OH) é um álcool simples, incolor e inflamável, com odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. É usado de forma legítima na produção de solventes, plásticos, tintas e biodiesel, mas é altamente tóxico se ingerido, inalado ou absorvido em grandes quantidades. Pequenas doses podem causar náusea, tontura, cegueira e até a morte.

O metanol não se destina ao consumo humano e é altamente tóxico

Sintomas e riscos

Os primeiros sinais de intoxicação podem ser confundidos com ressaca: dor abdominal, náusea, vômitos e visão turva. Em casos graves, há risco de convulsões, falência renal, coma e óbito. O tratamento é considerado emergência médica e pode incluir hemodiálise ou administração de etanol como antídoto.

Ações e recomendações

A Secretaria Estadual da Saúde confirmou seis casos desde junho, sendo dois fatais. O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) reforça que bebidas de origem clandestina representam alto risco e orienta que consumidores adquiram apenas produtos de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre e selo fiscal.

O Ministério da Justiça emitiu recomendação urgente a bares, restaurantes, mercados, hotéis e plataformas de venda para intensificar o controle da procedência dos produtos. Estabelecimentos devem suspender imediatamente a venda de lotes suspeitos e acionar a Vigilância Sanitária e a Polícia Civil.

A comercialização de bebidas adulteradas é crime previsto no Código Penal e na legislação de defesa do consumidor, com pena de reclusão e multa.

FONTE G1