TRUMP DIMINUI IMPORTÂNCIA DE CESSAR-FOGO APÓS NÃO CONSEGUIR ACORDO COM PUTIN

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Putin e Trump rindo após se encontrarem — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou “ótima” e “bem-sucedida” a reunião que manteve na sexta-feira com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Anchorage, no Alasca. O encontro, que durou três horas, terminou sem acordo de cessar-fogo, mas Trump afirmou neste sábado que o foco agora deve ser um acordo de paz duradouro. Segundo ele, tréguas temporárias “muitas vezes não se sustentam”.

Em publicação na sua rede social Truth Social, o norte-americano afirmou que a reunião com Putin “correu muito bem” e destacou também conversas noturnas que manteve com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e com diversos líderes europeus, incluindo o secretário-geral da Otan. De acordo com Trump, todos chegaram à conclusão de que a única forma de encerrar a guerra é por meio de um acordo de paz definitivo, e não de um simples cessar-fogo.

O republicano confirmou ainda que receberá Zelensky na Casa Branca na segunda-feira. O ucraniano, por sua vez, anunciou o encontro durante a madrugada deste sábado e disse apoiar a proposta norte-americana de uma reunião trilateral entre EUA, Rússia e Ucrânia. “Questões-chave podem ser discutidas diretamente entre os líderes, e o formato trilateral é adequado para isso”, declarou. Zelensky também agradeceu o convite de Trump e afirmou esperar avanços para “colocar fim aos assassinatos e à guerra”.

Após o encontro com Putin, Trump telefonou para Zelensky e outros sete líderes europeus em uma chamada de cerca de uma hora. Participaram, entre outros, o chanceler alemão Friedrich Merz, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o presidente francês Emmanuel Macron, além dos líderes da Polônia, Finlândia e outros países aliados. Segundo Trump, a ligação resultou em progresso nas negociações: “Muitos pontos foram acordados. Restam apenas alguns poucos — alguns não tão significativos. Um deles é provavelmente o mais importante. Ainda não chegamos lá, mas fizemos algum progresso. Há boas chances de avançar. Putin quer parar de ver pessoas sendo mortas”, declarou, sem dar detalhes.

Primeira cúpula desde o início da guerra

A reunião entre Trump e Putin foi a primeira cúpula oficial entre EUA e Rússia desde fevereiro de 2022, quando começou a invasão da Ucrânia, e também o primeiro encontro a sós entre os dois líderes desde 2018. O encontro aconteceu na base militar Elmendorf-Richardson e teve início às 16h30 no horário de Brasília. Antes da reunião, os dois trocaram um cumprimento efusivo diante da imprensa, sorriram, posaram para fotos e seguiram para as negociações.

Durante breve pronunciamento à imprensa, Putin agradeceu o convite e classificou a conversa como “construtiva”. O líder russo afirmou que a Ucrânia foi um dos principais temas e que percebeu em Trump a “vontade de compreender a essência do conflito”. Segundo ele, a paz só será possível se “todas as causas fundamentais forem eliminadas” e as preocupações da Rússia, consideradas. Ainda assim, reconheceu que a segurança ucraniana deve ser garantida.

Putin também falou sobre relações comerciais, defendendo que a parceria entre Rússia e Estados Unidos tem “enorme potencial” e manifestou desejo de que a Europa não sabote futuras negociações. Ele finalizou convidando Trump para um próximo encontro em Moscou.

Trump, por sua vez, disse que o encontro foi “muito produtivo” e que houve concordância “na maioria dos pontos”, mas ressaltou que ainda não foi alcançado um acordo concreto. O enviado especial russo, Kirill Dmitriev, também avaliou que as conversas aconteceram de forma “notavelmente positiva”.

Cenário de impasse

Apesar do tom diplomático, a reunião terminou sem avanços concretos em relação ao fim da guerra. Moscou ainda controla cerca de 20% do território ucraniano, e até o momento nenhum dos lados indicou estar disposto a abrir mão dessas áreas.

Nos últimos meses, tanto Trump quanto Putin alternaram declarações conciliatórias e críticas duras, mas ambos demonstraram otimismo antes da cúpula. Putin chegou a elogiar os “esforços sinceros” de Washington e afirmou acreditar que um encontro cara a cara poderia contribuir para a “paz mundial”, desde que incluísse acordos para limitar o uso de armas estratégicas, incluindo as nucleares. Trump, por outro lado, comparou a negociação a “uma partida de xadrez”, dizendo-se esperançoso, mas sem garantias de sucesso.

FONTE G1