
O governo dos Estados Unidos, por meio de ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump em 30 de julho, impôs uma tarifa adicional de 50% sobre a maioria dos produtos importados do Brasil. A medida entra em vigor em 6 de agosto e pode afetar significativamente a balança comercial brasileira, uma vez que os EUA são o segundo principal destino das exportações do país, atrás apenas da China.
Apesar da sobretaxa, cerca de 700 itens foram poupados, beneficiando setores estratégicos como o aeronáutico, energético, parte do agronegócio, mineração, eletrônicos e veículos.
Entre os produtos isentos estão:
- Aeronáutico: aeronaves, peças, motores, simuladores e equipamentos relacionados — aliviando o impacto sobre empresas como a Embraer e sua cadeia de fornecedores.
- Automotivo: veículos leves (sedans, SUVs, vans, caminhões) e autopeças.
- Energia: petróleo, gás natural, carvão, lubrificantes, querosene, betume e até energia elétrica.
- Agronegócio (parcial): suco e polpa de laranja, castanha-do-brasil, madeira tropical, polpa de madeira, fios de sisal e fertilizantes.
- Mineração e metais: silício, ferro-gusa, estanho, alumina, ferroníquel, ouro, prata e componentes de ferro, aço, alumínio e cobre.
- Eletrônicos: smartphones, antenas e equipamentos de áudio e vídeo.
- Outras exceções: bens em trânsito, produtos retornados para reparo, itens pessoais na bagagem de passageiros e doações.
Setores mais afetados pela tarifa:
- Café: com quase US$ 2 bilhões exportados aos EUA em 2024, o setor prevê aumento nos preços e compressão das margens. O Cecafé projeta impacto direto para o consumidor americano.
- Carne bovina: os EUA compraram 532 mil toneladas em 2024, movimentando US$ 1,6 bilhão. A Minerva estima queda de até 5% na receita líquida. Empresas com plantas nos EUA, como JBS e Marfrig, devem sofrer menos.
- Frutas: a tarifa incide sobre 36,8 mil toneladas de manga, 18,8 mil de frutas processadas (como açaí), 13,8 mil de uva e outras. A competitividade no mercado americano deve cair.
- Têxteis: isenção apenas para itens muito específicos. A indústria nacional, já pressionada por concorrência internacional, tende a ser prejudicada.
- Calçados: totalmente tarifados. O setor, que depende fortemente do mercado americano, deve enfrentar retração nas vendas e acúmulo de estoques.
- Móveis: apenas artigos para aeronaves civis foram isentos. Móveis residenciais e comerciais entram na lista da nova tarifa.

Motivação política da medida
O governo americano justificou a decisão com base em uma “emergência nacional”, alegando que o Brasil representa uma ameaça à segurança, economia e política externa dos EUA. A ordem executiva inclui críticas diretas ao governo brasileiro e ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, acusado de perseguir opositores políticos e impor censura por meio de plataformas americanas.
O documento menciona ainda o caso de Paulo Figueiredo, processado por declarações feitas em território americano, e decreta o cancelamento dos vistos de Moraes, seus aliados e familiares.
FONTE G1