
Ranulfo Custódio Alves, de 102 anos, morador de Camapuã (MS), tem chamado a atenção pela disposição física e mental com que encara o dia a dia. Dono de uma lucidez admirável, o idoso mantém uma rotina ativa, dirige, pesca, nada, gerencia duas fazendas e ainda compartilha momentos de lazer com a família. Seu estilo de vida viralizou recentemente nas redes sociais após um vídeo publicado pela filha, Renata Alves, alcançar mais de 128 mil visualizações e 10 mil curtidas.
Com 65 anos de habilitação, Ranulfo renovou recentemente sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por mais três anos, tornando-se o motorista ativo mais idoso do estado. O gesto surpreendeu até os funcionários do Detran local, especialmente por ele ter comparecido sozinho ao atendimento e sido aprovado com facilidade nos exames médicos obrigatórios.
“Comecei a chorar de emoção, pelo carinho que recebi do pessoal do Detran”, relatou.
Apesar da idade, Ranulfo dirige com responsabilidade e cautela, evitando locais com trânsito intenso. Ele nunca foi multado nem se envolveu em acidentes. A filha caçula, Jéssica Alves Amorim, conta que a decisão de renovar a habilitação de forma independente pegou toda a família de surpresa — e também de orgulho.
Para Ranulfo, a chave da longevidade está em cinco pilares: boa alimentação, trabalho, rotina, cuidados médicos e lazer. “Estando trabalhando, me sinto bem. É o meu esporte, e eu gosto. Movimento o corpo, cuido das minhas coisas, do meu patrimônio. É um lazer”, explica. Ele levanta todos os dias entre 4h30 e 5h e, com bom humor, afirma: “Ainda quero queimar muita lenha”.
Mesmo com a idade avançada, ele continua responsável pela gestão das finanças e dos funcionários de suas propriedades. Também participa do manejo do gado, conserta cercas e acompanha de perto o trabalho da equipe. “Não tenho uma tarefa fixa. Cada dia faço uma coisa diferente”, conta.
Ranulfo também não abre mão das consultas médicas de rotina, embora não dependa de medicamentos. “Uso uns remedinhos durante o dia, mas se eu não tomar, não me sinto mal”, comenta, sempre com bom humor. “Eu ouço normal, só não escuto o que não me interessa”, brinca.
Nascido em Três Lagoas (MS), em 27 de maio de 1923, Ranulfo se mudou para Camapuã em 1941, em busca de melhores condições de vida. “Na época, eu só tinha um cavalinho muito mal arriado. Trabalhei muito, me casei, formei família e fui pedalando”, lembra.
A relação com a filha Renata é marcada pela parceria. Ela conta que o pai sempre teve um espírito jovem, muito trabalhador e positivo. “Nunca o vi reclamar de nada. Temos muitas lembranças juntos, desde viagens e churrascos até momentos simples do cotidiano, como sentar para ouvir uma boa música e tomar uma cerveja gelada”, afirma.
Sobre sua trajetória, Ranulfo resume com sabedoria: “Foi muito trabalho, muita luta, sofrimento e proteção divina”. E faz questão de reconhecer aqueles que estiveram ao seu lado: “Agradeço às pessoas que trabalharam e ainda trabalham comigo. Eu não sou sozinho. Respeito e sou respeitado, e o que precisarem, podem bater na minha porta”.

FONTE G1