LIBERTAÇÃO DE REFÉNS MARCA NOVA FASE PARA GAZA E REACENDE DEBATE SOBRE RECONSTRUÇÃO E PAZ

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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e presidente do Egito, Abdul al-Sisi, assinam junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza em 13 de outubro de 2025.

Após mais de 700 dias de cativeiro, os 20 últimos reféns israelenses mantidos vivos pelo grupo Hamas foram libertados na madrugada desta segunda-feira, em Gaza. A libertação encerra uma das etapas mais delicadas do acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e o Hamas, mediado por Egito, Catar e Turquia, e proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A soltura dos reféns ocorre em troca da libertação, por Israel, de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos – entre eles, 250 condenados à prisão perpétua por ataques contra israelenses. Segundo o governo de Israel, outros 28 reféns continuam desaparecidos e são dados como mortos, embora dois ainda tenham situação indefinida.

Horas após o resgate, Trump discursou no Parlamento israelense, onde afirmou que “a era do terror e da morte chegou ao fim”. O presidente americano foi ovacionado por parlamentares e recebeu a Medalha de Honra Presidencial Israelense, a maior condecoração civil do país. A visita consolidou sua popularidade em Israel, superando até mesmo a do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que o saudou como “arquiteto da paz”.

Cúpula da Paz e novo plano para Gaza

Logo depois da cerimônia em Jerusalém, Trump seguiu para o Egito, onde presidiu a “Cúpula da Paz em Gaza”, realizada em Sharm El-Sheik. O encontro reuniu mais de 20 líderes mundiais, incluindo o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani; o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan; o egípcio Abdul Fatah Al-Sisi; o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas; e chefes de governo da França, Reino Unido, Itália e Espanha.

Israel e Hamas não participaram da assinatura do documento, mas o cessar-fogo já havia sido acordado por seus negociadores dias antes. A ausência de Netanyahu foi justificada pela coincidência com um feriado judaico.

O acordo firmado no Egito oficializa o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza e o recuo gradual das tropas israelenses – que reduziram a ocupação do território de 75% para 53%. Também prevê a criação de um conselho internacional para supervisionar a reconstrução de Gaza e o início de um plano de paz duradoura no Oriente Médio.

Apesar do avanço, diversos pontos permanecem indefinidos. Ainda não está claro como será a transição de governo em Gaza, nem se o Hamas aceitará entregar suas armas ou aceitar uma tutela estrangeira na administração local. A Casa Branca informou que novas etapas do acordo estão em negociação.

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza durante cúpula no Egito.

Reconstrução e desafios humanitários

O conflito, iniciado em outubro de 2023, deixou mais de 60 mil mortos em Gaza e destruiu grande parte da infraestrutura local. Água, energia e alimentos continuam escassos. Segundo o cientista político Hussein Ali Kalout, pesquisador da Universidade Harvard e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), “o grande desafio agora será transformar o cessar-fogo em paz efetiva e garantir condições mínimas de sobrevivência para a população devastada”.

Trump declarou que “a reconstrução de Gaza começa agora” e anunciou o início da segunda fase de seu plano, voltada à governança local e à retomada econômica do território.

Em reportagem especial, o correspondente Murilo Salviano, da TV Globo, relatou de Jerusalém o clima de “alívio e esperança” entre israelenses e palestinos, embora ambos os lados mantenham desconfiança quanto à durabilidade do cessar-fogo.

Símbolo político

A atuação de Trump no processo de paz gerou repercussão internacional e o transformou no político estrangeiro mais popular de Israel. Sua presença no Parlamento israelense unificou correntes políticas rivais e foi celebrada como símbolo de uma nova fase para o país. “O senhor é um gigante da história judaica”, declarou o presidente do Knesset, Amir Ohana.

Enquanto Trump capitaliza o êxito diplomático, Netanyahu tenta manter protagonismo interno, aproveitando o momento para reforçar sua imagem de defensor da segurança nacional. A expectativa agora se volta para as próximas etapas do acordo – e para saber se, após anos de violência, o Oriente Médio finalmente entrará em um período de paz estável.

FONTE G1