Um cirurgião vascular do Reino Unido foi condenado, na última quinta-feira, a dois anos e oito meses de prisão por fraude. Neil Hopper, de 49 anos, congelou intencionalmente as próprias pernas com gelo seco, provocando amputações, na tentativa de obter cerca de R$ 3,6 milhões em indenizações de uma seguradora.
De acordo com o tribunal, a motivação do médico incluía gratificação sexual. Ele também se declarou culpado por armazenar imagens pornográficas extremas, entre elas vídeos do site de modificações corporais radicais EunuchMaker, que exibiam mutilações genitais.
Além da pena de prisão, Hopper recebeu uma ordem contra danos sexuais válida por dez anos, destinada a restringir comportamentos considerados de risco.
O caso
Em 2019, Hopper procurou atendimento médico alegando sintomas de diarreia e vômito. Ele foi inicialmente tratado por suspeita de sepse, mas, posteriormente, precisou passar por amputações: primeiro dos pés e, em seguida, das pernas abaixo dos joelhos. O tribunal concluiu que ele omitiu a verdadeira causa das lesões, já que há anos manifestava o desejo de se tornar amputado, relacionando isso ao prazer sexual.
“Você fez alegações fraudulentas de seguro, afirmando que as lesões eram consequência de sepse, quando na realidade foram provocadas por você, ao menos em parte, para gratificação sexual”, afirmou o juiz James Adkin ao proferir a sentença.
As investigações ligaram Hopper a Marius Gustavson, criador do EunuchMaker, condenado à prisão perpétua em Londres no ano passado por incentivar mutilações corporais. O médico comprou três vídeos do site, manteve milhares de mensagens com Gustavson e discutiu detalhes sobre suas próprias amputações.
Segundo a promotoria, os crimes de pornografia extrema de Hopper estavam restritos a esse tipo de conteúdo e não envolviam crianças.
Atuação profissional
Hopper era casado, pai de família e trabalhava desde 2013 no Royal Cornwall Hospitals NHS Trust (RCHT), parte do sistema público de saúde britânico. Foi preso em 2023, quando teve seu registro médico suspenso.
Em nota, o RCHT declarou que, embora os fatos sejam “chocantes”, não há relação entre as práticas criminosas e a atuação profissional do cirurgião. “Durante uma investigação policial minuciosa, não foram encontradas ligações entre as condutas do Sr. Hopper e o atendimento prestado a pacientes”, informou o hospital.
FONTE G1
