No próximo domingo, a Igreja Católica realizará a canonização de Carlo Acutis, jovem italiano conhecido como “padroeiro da internet”. A cerimônia, que acontecerá na Praça de São Pedro, no Vaticano, será presidida pelo papa Leão XIV e marcará a primeira canonização de seu pontificado, iniciado após a morte de Francisco em maio deste ano.
Carlo Acutis nasceu em Londres em 1991, mas foi criado em Milão, na Itália. Desde a infância demonstrava profunda devoção à fé católica e à Virgem Maria. Após a primeira comunhão, passou a participar diariamente da missa, do rosário e de momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento. Paralelamente, cultivava grande interesse por computadores, chegando a ler livros avançados de engenharia da computação ainda adolescente.
Segundo sua mãe, Antonia Salzano, Carlo usava esse dom para evangelizar e apoiar os amigos. Ele ficou conhecido por criar um site que catalogava milagres eucarísticos de todo o mundo, iniciativa que mais tarde lhe renderia o título popular de “padroeiro da internet”. Além da vida online, era ativo em ações sociais, ajudando moradores de rua, idosos e colegas com dificuldades nos estudos.
Em 2006, aos 15 anos, Carlo foi diagnosticado com leucemia fulminante e morreu em 12 de outubro, data de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Desde então, seu testemunho de fé e simplicidade passou a inspirar jovens católicos no mundo inteiro.
Os milagres atribuídos a Carlo Acutis
O processo de canonização exige o reconhecimento de dois milagres. O primeiro ocorreu em Campo Grande (MS), em 2010, quando um menino chamado Matheus Vianna, portador de uma rara malformação no pâncreas, foi curado após tocar em uma relíquia de Carlo durante uma missa de Nossa Senhora Aparecida. A melhora imediata foi confirmada por exames médicos e reconhecida oficialmente pelo Vaticano, permitindo a beatificação do jovem em 2020.
O segundo milagre, necessário para a canonização, foi confirmado em 2024. O caso envolveu a costarriquenha Valeria, vítima de um grave acidente de bicicleta em 2022. Após sua mãe rezar junto à tumba de Carlo em Assis, a jovem se recuperou de forma considerada inexplicável pela ciência. Esse episódio foi examinado por médicos e teólogos antes de receber aprovação definitiva da Santa Sé.
“O milagre, para nós, é a assinatura de Deus. Ele deve ser incontestável até para a ciência”, explica o padre Marcelo Tenório, da Paróquia São Sebastião, em Campo Grande, responsável por celebrar a missa em que ocorreu o primeiro milagre.
Como funciona a canonização
A canonização é o reconhecimento oficial de um santo pela Igreja Católica. O processo ocorre em três etapas:
- Virtudes heroicas ou martírio – a pessoa é declarada “Venerável” após a comprovação de que viveu de forma exemplar, com fé, humildade e caridade.
- Beatificação – exige o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do venerável, tornando-o “Beato” e autorizando a veneração local.
- Canonização – requer a comprovação de um segundo milagre, que estende a devoção a toda a Igreja Católica.
Com os dois milagres confirmados, Carlo Acutis agora será oficialmente reconhecido como santo.
Outros nomes na cerimônia
Na mesma celebração, também será canonizado o italiano Pier Giorgio Frassati, falecido nos anos 1920 em decorrência de poliomielite e lembrado por sua dedicação aos necessitados.
Legado para os jovens
O corpo de Carlo Acutis está exposto no Santuário do Despojamento, em Assis, na Itália. Embora preservado em bom estado, o Vaticano esclarece que seus restos mortais foram “recompostos”.
Para a mãe do jovem, a mensagem que Carlo deixa aos jovens católicos está em sua vida comum, mas profundamente guiada pela fé:
“Carlo era como qualquer adolescente, brincava, tinha amigos e ia à escola. A diferença foi que abriu o coração para Jesus e colocou a fé em primeiro lugar, usando seus dons para ajudar os outros a acreditar na vida eterna”, afirma Antonia Salzano.
Com sua canonização, Carlo Acutis entrará para a história como o primeiro santo millennial, símbolo da evangelização no mundo digital e inspiração para novas gerações.
FONTE G1
