CHUPETAS PARA ADULTOS: MODA QUE VIRALIZA NA CHINA GERA ALERTA DE ESPECIALISTAS

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Chupetas para adultos: tendência na China promete alívio para a ansiedade, mas médicos alertam para riscos à saúde física e mental – Foto: reprodução redes sociais

O uso de chupetas por adultos como forma de aliviar estresse e ansiedade tem ganhado popularidade em países como China e Coreia do Sul, impulsionado por vídeos nas redes sociais. O item, tradicionalmente infantil, vem sendo adotado por alguns adultos com a expectativa de ajudar a reduzir hábitos como fumar, comer compulsivamente, dormir melhor, evitar o bruxismo e até silenciar roncos.

Especialistas, porém, alertam que não há comprovação científica para esses supostos benefícios e que a prática pode trazer riscos à saúde física e mental. Para a professora de Odontopediatria da USP, Mariana Minatel, trata-se de “um mal adotado para resolver outro mal”, comparável a fumar para aliviar a ansiedade. Entre os riscos bucais estão retrações gengivais, traumas periodontais, alterações na mordida, disfunção temporomandibular e, em casos extremos, perda dentária.

As chupetas adultas mais vendidas na China chegam a 4,5 cm de comprimento – 2,5 cm a mais que as usadas por bebês – e custam de R$ 6,60 a R$ 250. Algumas lojas online afirmam vender mais de 2 mil unidades por mês. Em outros países, como o Bahrein, o uso em locais públicos tem gerado polêmica e até pedidos de proibição.

Chupeta para adultos – Foto: Reprodução

No Brasil, a tendência chegou a ser mencionada de forma bem-humorada por figuras públicas, mas também é alvo de críticas. Usuários relatam sensação de segurança e conforto psicológico, principalmente em momentos de pressão no trabalho ou durante tentativas de parar de fumar. Para o psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, o hábito revela um desequilíbrio entre as três instâncias da personalidade – Id, Ego e Superego -, evidenciando um comportamento de regressão. Ele recomenda psicoterapia de base analítica ou terapia cognitivo-comportamental para tratar a questão.

Estudos também associam o uso prolongado de chupeta na infância a riscos futuros. Pesquisa brasileira de 2014, com 261 jovens, apontou que quem utilizou chupeta por mais de 24 meses apresentou risco cinco vezes maior de se tornar fumante na adolescência ou início da vida adulta. Por outro lado, a amamentação por períodos mais longos mostrou efeito protetor, reduzindo em até 40% a incidência de tabagismo.

Odontopediatras e pediatras orientam que, mesmo para crianças, o uso seja interrompido entre os 2 e 3 anos, para evitar problemas bucais e permitir que a necessidade natural de sucção seja suprida por outros meios à medida que a criança cresce.

FONTE G1