Jornal Sudoeste Paulista

CPI do assédio poderá gerar abertura de novas denúncias

Comissão da CPI, Henrique Abuchain, Anderson Lima e Filipe Dognani

Investigações do MP revelam possíveis desvios e superfaturamentos

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) apura uma ação civil, dois inquéritos e duas denúncias de fato sobre possíveis irregularidades realizadas pela prefeitura municipal de Fartura. Uma das investigações foi desencadeada após o vereador Bruno Guazzelli apresentar informações que sugeriam que a prefeitura poderia ter contratado o mesmo serviço duas vezes em um curto período de tempo. O objeto da investigação é a contratação da empresa Branco, Rodrigues & Cia Ltda, no valor de R$ 43.950,00, sem licitação.

A empresa foi contratada para realizar testes de segurança no trabalho, incluindo medições de ruído para avaliação ambiental ocupacional. O que levantou suspeitas é que esses testes aparentemente já deveriam ter sido realizados em um contrato anterior. A contratação atual levantou questionamentos sobre a possibilidade de a prefeitura ter contratado o mesmo serviço duas vezes, o que poderia indicar má gestão de recursos públicos e possíveis irregularidades administrativas.

Além disso, outros casos vêm ganhando novas dimensões, com as revelações de Mariana Rosolen, que não apenas expõe incongruências encontradas, como também alega ter sido vítima de assédio por parte do prefeito, sendo transferida de controladora interna para o setor de turismo após apresentar as irregularidades encontradas.

Em seu depoimento durante a “CPI do ASSÉDIO” na sexta-feira (17), Mariana descreveu práticas questionáveis na administração municipal. Ela detalhou alegações de 2 milhões de horas extras irregulares, gastos excessivos com manutenção de veículos que, pela tabela FIPE, custam 80 mil reais, sendo gastos 40 mil reais pela prefeitura em manutenção do mesmo veículo, sugerindo que este seja o maior superfaturamento em manutenção de frota já visto, troca de pneus de veículos com apenas 5 mil km de uso e 16 trocas de pneus num mesmo veículo – incluindo casos em que o custo da manutenção dobrou o valor esperado -, superfaturamento em serviços de manutenção da frota municipal e a troca excessiva de pneus em veículos que, segundo ela, não justificariam tal frequência.

Mariana afirma que, ao apresentar relatórios apontando essas irregularidades, o prefeito não apenas ignorou suas preocupações, mas também a desencorajou de encaminhar os relatórios aos setores responsáveis.

Essas acusações adicionam uma nova camada de complexidade e gravidade às investigações em andamento pelo Ministério Público em Fartura. Além das possíveis irregularidades financeiras e administrativas, as alegações de assédio e obstrução à justiça sugerem um ambiente de trabalho hostil e potencialmente corrupto dentro da gestão municipal, conforme depoimento das vítimas.