Na última segunda-feira, dia 18 de março de 2024, a 4ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Fartura, foi palco de uma intensa disputa política. O motivo? O prefeito Luciano “Filé” enviou uma denúncia na pessoa de cidadão, contra o vereador Bruno Guazzelli, desencadeando um debate acalorado entre os membros do legislativo.
A denúncia, apresentada como munícipe Luciano Peres, alegava irregularidades na vereança de Guazzelli, baseando-se em supostas incompatibilidades de horários devido ao seu trabalho como gerente na UPA de Sarutaiá. No entanto, Guazzelli se defendeu nas redes, argumentando que nunca faltou às suas obrigações na câmara e que sua atuação na UPA não interfere em suas responsabilidades legislativas.
O embate na sessão legislativa refletiu as tensões políticas que permeiam a gestão municipal de Fartura. Cinco vereadores votaram contra a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso, argumentando que se tratava de um ataque pessoal do prefeito contra Bruno.
O vereador Anderson Lima foi um dos mais contundentes em sua oposição à denúncia, questionando sua fundamentação e destacando casos anteriores em que a câmara não agiu diante de situações mais graves. “Será que os senhores não estão enxergando o que se passa no município? Falta de compromisso e comprometimento. Eu deixo muito claro que sou contra”, declarou Lima.
Ele também destacou a presença e o comprometimento do colega citado na denúncia, observando sua participação em sessões ordinárias e extraordinárias, muitas vezes chegando antes para revisar e estudar projetos. Ele também lembrou ao presidente da câmara, João Buranello, sobre uma denúncia anterior que envolvia agressão contra uma vereadora, envolvendo o Prefeito, onde por parte de outro vereador, inclusive com arma de fogo, houve ameaça, mas que não foi acatada pela casa legislativa.
O Vereador Décio expressou sua firme oposição à denúncia, apontando casos similares que foram tratados com indulgência, sem qualquer advertência ou medida punitiva aplicada, o que, na sua visão, evidencia uma falta de coerência nas ações da casa legislativa.
Ele mencionou o aspecto do horário das sessões extraordinárias, se dando como exemplo e reconhecendo a dificuldade de conciliação com suas responsabilidades como funcionário público do estado de São Paulo. Ele argumentou que mesmo para ele, que possui flexibilidade, é um desafio estar presente em todas as sessões extras.
Sobre a denúncia feita, Décio expressou sua confiança de que o Ministério Público é o órgão adequado para lidar com o assunto dentro dos parâmetros legais. Ele reiterou sua posição de que, dada a história recente da casa legislativa em lidar com casos semelhantes, não vê justificativa para uma ação mais severa contra o vereador Bruno. “O vereador Bruno vai continuar aqui se depender de mim”, afirmou Décio.
O Vereador Felipe expressou sua preocupação com a atual dinâmica da câmara municipal, fazendo um apelo à população de Fartura para refletir sobre o direcionamento das discussões. Ele questionou se é isso que os cidadãos realmente desejam: transformar a casa legislativa em uma espécie de “Big Brother Fartura”, repleto de intriga e baixaria, onde questões pessoais são sobrepostas às questões públicas essenciais, como saúde, educação e segurança pública.
Felipe enfatizou a importância de priorizar os assuntos relevantes para a população, como o surto de dengue na cidade e a falta de exames, em vez de se envolver em disputas políticas e denúncias controversas. Ele ressaltou a necessidade de manter a integridade do processo democrático, evitando que interesses políticos obscureçam o verdadeiro propósito da legislação.
O vereador destacou sua posição contra a instrumentalização de ameaças e pressões para influenciar decisões dentro da câmara, reafirmando seu compromisso com a transparência e a imparcialidade. Ele deixou claro que não será intimidado por tais táticas e que está focado em representar os interesses do povo de forma justa e equilibrada.
Felipe encerrou sua declaração reiterando sua determinação em manter a seriedade e o respeito no ambiente legislativo, afirmando que ali não é lugar para jogos políticos ou ameaças infundadas.
Por sua vez, o vereador Marquinho Baiano foi contra a cassação, mas teve sua fala interrompida pelo presidente da câmara.
A vereadora suplente Josiandra Dognani também votou contra a abertura de CPI.
Votaram a favor: João Buranello, Henrique Abuchain, Conrado Benatto e Zenaide Souza.
Em suas redes sociais o vereador desabafou sobre a situação, criticando a postura do prefeito e de alguns vereadores que votaram a favor da CPI nesse caso, mas em outra oportunidade se omitiram quando se tratava de um escândalo envolvendo o Prefeito e Vereadores. Ele argumentou que a denúncia representava um desperdício de tempo e recursos públicos, além de ser uma tentativa injusta de minar sua atuação como vereador.
A polêmica em torno do pedido de cassação do vereador reflete as tensões políticas e os conflitos de interesse que permeiam a gestão municipal de Fartura. Enquanto o prefeito e seus aliados defendem a necessidade de investigar supostas irregularidades, a maioria dos membros da câmara se posicionaram contra o que consideram ser uma perseguição política sem fundamentos sólidos.
A crise política em Fartura parece longe de uma resolução, enquanto a população observa atentamente os desdobramentos dessa disputa, ansiosa por uma solução que priorize os interesses da cidade.