Jornal Sudoeste Paulista

Vereador denuncia falta de transparência em verba milionária para EXPOFAR

Vereador Filipe Dognani sobre emenda parlamentar de mais de 1 milhão de reais para EXPOFAR

Na última sessão extraordinária da Câmara Municipal de Fartura, ocorrida no dia 14 de março de 2024, um Projeto de Lei enviou ondas de debate entre os vereadores e COMTUR. O documento em questão, o Projeto de Lei n.º 13, de 12 de março de 2024, propõe a abertura de um Crédito Adicional Especial no valor de R$ 1.150.000,00 (um milhão e cento e cinquenta mil reais) para eventos turísticos no município.

A proposta, considerada “urgente, urgentíssima” segundo a justificativa da prefeitura, foi apresentada em meio à necessidade de financiamento para os shows da XXXII EXPOFAR. Este valor provém de uma emenda parlamentar do Deputado Luís Carlos Mota, destinada especificamente para eventos turísticos no município.

Contudo, durante a sessão, o Vereador Filipe Dognani fez críticas contundentes ao processo decisório e à alocação dos recursos.

Em sua fala durante a sessão, o vereador questionou a justificativa da prefeitura para o crédito especial, levantando preocupações sobre a transparência e a participação democrática no planejamento dos eventos turísticos. Ele destacou que, no ano anterior, não havia previsão orçamentária para tais eventos, o que levantou dúvidas sobre a segurança financeira dessas iniciativas. E ressaltou a situação dos camarotes estarem sendo vendidos sem mesmo antes terem previsão orçamentária definida para a realização do evento, onde na época a informação era de que o evento seria custeado pela iniciativa privada. Ele destacou a importância de uma comunicação transparente por parte do prefeito, afirmando que a retenção de informações prejudica o processo democrático.

Filipe Dognani expressou sua insatisfação com a falta de debate prévio com os vereadores e o COMTUR (Conselho Municipal de Turismo), ressaltando que a convocação da sessão extraordinária com apenas 24 horas de antecedência dificultou o diálogo e a possibilidade de emendas ou vistas.

“O mais preocupante nisso é a falta de debate com os vereadores a respeito, porque a convocação de uma extraordinária com apenas 24h de antecedência, é pouco tempo para o debate, onde que numa extraordinária, não se pode fazer emenda, nem pedir vistas. O COMTUR (conselho do turismo) nem sequer estava sabendo, oras, se nós temos um conselho do turismo na cidade, é para usarmos, pedir ao conselho do turismo o que é mais viável e melhor para a cidade naquele momento e fazermos um processo democrático, porque o turismo da cidade não pode ser definido pela cabeça de uma única pessoa, mas deve envolver a cidade inteira”.

“E não estou aqui fazendo politicagem, como alguns quiseram insinuar, quando eu soltei a mensagem convidando o COMTUR. Eu estou aqui para fazer política pública e democracia. Então, espero que compreendam, não estou aqui para ofender ninguém, nem falar mal, mas quero que as coisas sejam feitas de uma forma que haja participação popular, pois repito, a festa EXPOFAR e o turismo não são da prefeitura, é da cidade, a qual possui 16mil habitantes, entre eles, empresários, artistas, trabalhadores que vão se beneficiar desse dinheiro e investimentos, então precisamos raciocinar melhor, para vermos como estamos fazendo o reajuste econômico dos setores de fartura. Deixo meu abraço pro pessoal do COMTUR, estamos juntos nessa e vamos tentar estabelecer em breve essa autarquia, que será um marco histórico.”

Ele também ressaltou a situação dos barraqueiros de fora que participam da EXPOFAR, apontando que estes muitas vezes “colocam o dinheiro no bolso e levam embora da cidade”. Ele destacou a importância de avaliar o impacto econômico desses eventos para a comunidade local e questionou se o investimento na EXPOFAR seria o mais adequado diante das necessidades do município.

“A festa de Fartura foi criticada aqui por muitas pessoas e não porque são contra a festa de Fartura, mas a EXPOFAR foi vendida para barraqueiros de fora, onde eles colocam o dinheiro no bolso e levam embora da cidade. Temos um pequeno giro no comércio, que se botar na balança, qual é o saldo da cidade?”

E enfatizou a importância de uma distribuição equitativa dos recursos para os diversos eventos turísticos da cidade, questionando a concentração dos investimentos na EXPOFAR em detrimento de outras festas como Rock-inFar, Femmus e Torneio de Pesca. Ele defendeu uma abordagem mais democrática na tomada de decisões, envolvendo não apenas a prefeitura, mas toda a comunidade, incluindo empresários, artistas e trabalhadores locais.

“Então, o que eu queria deixar claro, que quando tinha orçamento suficiente para cada uma delas, tudo bem, mas no momento o município vem enfrentando outra realidade e nós temos que usar a nossa inteligência, pra racionar esse recurso e não depositar o único recurso que temos, numa coisa só.”

A sessão culminou com a votação do Projeto de Lei, resultando em 5 votos favoráveis e 2 contrários (Anderson e Bruno), aprovando assim a abertura do crédito especial. Apesar da oposição expressa pelo Vereador Dognani e os veradores Bruno Guazelli e Anderson Lima, a medida foi ratificada pela maioria dos vereadores presentes.

O debate em torno deste projeto ressalta a importância do envolvimento da comunidade e dos órgãos representativos no processo de tomada de decisões, especialmente quando se trata da alocação de recursos públicos em eventos que impactam diretamente a vida dos cidadãos. A voz crítica do Vereador Filipe Dognani destaca a necessidade de transparência e participação democrática em todas as esferas do governo municipal.