Por Marília da Silva Milani
Fartura, 08 de fevereiro de 2024
Em uma entrevista exclusiva, o agrônomo Ricardo Garcia abordou os principais fatores que têm contribuído para a infestação de mosca-branca na cidade de Fartura, destacando o clima seco e quente como um dos principais impulsionadores dessa proliferação. De acordo com Garcia, a mosca-branca é uma presença constante na região, com seu desenvolvimento potencialmente agravado por condições climáticas específicas, principalmente no final do ciclo da soja, que coincide com a colheita entre o final de janeiro e o início de fevereiro.
Sobre as condições locais que favorecem a infestação, o agrônomo apontou a monocultura da soja como um fator crucial e inevitável. A produção em massa desse cultivo cria um ambiente propício para a proliferação da praga. Ele explicou que, embora a mosca-branca não represente uma ameaça direta à saúde humana, sua presença pode causar danos significativos às plantações, especialmente quando a população excede os limites e a praga começa a se alimentar de outras culturas, como hortaliças.
Quanto às medidas que os cidadãos podem adotar para evitar a infestação em suas hortas, Garcia enfatizou que a dispersão da mosca-branca ocorre principalmente pelo vento e que é provável que o ciclo da praga se encerre nos próximos 15 dias, caso ocorram mudanças climáticas significativas, como chuvas ou queda de temperatura.
Em relação às iniciativas de conscientização e capacitação, o agrônomo destacou a importância do manejo integrado de plantio, especialmente para agricultores familiares e hortas domésticas. Ele enfatizou a necessidade de plantio em períodos que não coincidam com a colheita da soja, a fim de evitar danos às hortaliças e outras culturas vulneráveis durante essa época do ano.
Além da entrevista, uma pesquisa realizada pela Embrapa lançou luz sobre os desafios enfrentados pela agricultura familiar em relação à mosca-branca. O estudo, conduzido ao longo de quatro anos, destacou a associação da praga com cultivos de commodities como a soja, alertando para os riscos de transmissão de begomovírus durante as entressafras.
A pesquisa também ressaltou a necessidade de uma abordagem integrada em nível macrorregional, envolvendo ações coordenadas entre produtores, indústrias e políticas públicas para enfrentar esse desafio. A falta de controle adequado pode resultar em prejuízos econômicos substanciais e aumentar o valor final para o consumidor. Experiências em outras regiões, como Petrolina, destacaram a importância de medidas preventivas, como o estabelecimento de vazios sanitários e o uso de cultivares resistentes, embora essas medidas não garantam uma proteção completa contra a mosca-branca.
Em suma, a entrevista com o agrônomo Ricardo Garcia e os dados da pesquisa da Embrapa destacam a urgência de uma abordagem integrada e colaborativa para enfrentar os desafios causados pela infestação de mosca-branca em Fartura e em outras regiões agrícolas do Brasil.