Jornal Sudoeste Paulista

Entenda: vereadores se opõem a partes do PDU de Filé, o que está em jogo?

Uma divisão acentuada entre vereadores e prefeito está abalando o cenário político de Fartura, após a aprovação de um controverso “Plano de Desenvolvimento Urbano”. Enquanto a administração do prefeito Filé celebra a iniciativa como um marco para a cidade, quatro vereadores levantaram preocupações significativas, destacando um contraste marcante entre o direcionamento de recursos para projetos de desenvolvimento e a negligência nas necessidades básicas da comunidade.

 

O “Plano de Desenvolvimento Urbano” de Filé é amplamente apresentado como um ambicioso projeto destinado a injetar novo vigor em Fartura, com a promessa de impulsionar o crescimento econômico, aprimorar a mobilidade urbana e expandir as opções de lazer disponíveis para os cidadãos. No entanto, a aprovação deste plano na Câmara Municipal não ocorreu sem suscitar controvérsias significativas e provocar um debate inflamado sobre as prioridades da cidade, especialmente no contexto financeiro. O cerne da discórdia reside na utilização daquilo que Bruno Guazelli, vereador e pré-candidato a prefeito da cidade, se referiu como a “poupança da prefeitura” – os terrenos acumulados ao longo dos anos – para dar início a um projeto que carece de uma alocação detalhada de valores para cada uma de suas etapas. Esta falta de transparência suscita preocupações de que muitas das obras possam ser adiadas para administrações futuras.

 

Durante uma entrevista concedida ao JSP no dia 02/11, Guazelli salientou a oportunidade de gerar empregos através do comodato, um modelo em que a prefeitura poderia ceder terrenos ociosos para cidadãos comuns que desejam estabelecer seus próprios empreendimentos. Essa iniciativa, naturalmente, estaria sujeita a regulamentos pré-definidos e prazos para a execução dos projetos. Caso esses prazos não fossem cumpridos, a prefeitura teria a possibilidade de retomar a posse do terreno e disponibilizá-lo para outro cidadão, criando assim uma competição positiva. Essa abordagem poderia não apenas estimular a criação de empregos, mas também preservar os recursos da prefeitura, representados pela “poupança” da prefeitura – os terrenos acumulados ao longo dos anos.

 

O vereador Anderson Lima, um dos quatro vereadores que votaram contra o plano, criticou a falta de transparência na apresentação do projeto. Ele destacou a venda de uma parcela significativa do patrimônio da cidade para o setor privado, uma ação que contraria o posicionamento anterior do prefeito, quando ele era vereador. Lima também apontou a falta de democracia no processo de discussão, com poucas oportunidades para debate e sugestões. A votação aconteceu durante uma sessão extraordinária realizada na véspera de um feriado prolongado, o que levantou preocupações sobre a participação pública.

 

O vereador enfatizou que seu voto contrário não representa uma oposição ao progresso, mas reflete a necessidade de um plano mais detalhado e transparente. Ele expressou preocupações sobre as finanças da prefeitura e a gestão dos recursos públicos.

Outro vereador que votou contra partes do plano, Paulinho Gabriel, explicou que sua decisão não foi uma rejeição completa. Ele argumentou que estava seguindo seu compromisso com o desenvolvimento da cidade, mas expressou dúvidas sobre a venda de certos imóveis, como a antiga garagem municipal e o prédio conhecido como “banespinha”, o qual vem sendo utilizado. Gabriel solicitou uma revisão desses pontos antes de apoiar o plano.

 

O prefeito Filé comemorou a aprovação do plano, elogiando os vereadores que o apoiaram. Ele enfatizou que o projeto é um passo importante para o progresso da cidade, trazendo empregos, mobilidade urbana aprimorada e oportunidades de lazer para os cidadãos. Filé lamentou o voto contrário de alguns vereadores, sugerindo que a população lembrará disso nas eleições de 2024.

 

No post do Prefeito Filé, Juliano Fabro comentou, expressando suas opiniões sobre a antiga situação política em Fartura. Fabro criticou o que ele chamou de “turminha da agiotagem” e apontou problemas como obras inacabadas, qualidade insatisfatória do asfalto, má conservação dos equipamentos municipais, supostos casos de superfaturamento de medicamentos e falta de transparência na gestão. Ele enfatizou o desejo da comunidade de Fartura de seguir em direção ao progresso.

 

O Prefeito Filé respondeu ao comentário de Juliano Fabro, afirmando que a cidade continuará avançando. Ele também insinuou que aqueles que criticam a administração podem estar desesperados, sugerindo que as práticas eleitoreiras da “velha política” estariam sendo desmascaradas atualmente. Filé afirmou que a luta em prol de uma Fartura próspera e igualitária continua.

 

Este diálogo nas redes sociais reflete as tensões políticas e as diferentes visões sobre o futuro da cidade de Fartura. Enquanto o prefeito defende seu plano de desenvolvimento urbano, há vozes críticas na comunidade que questionam a gestão atual e expressam preocupações sobre diversos aspectos da administração pública. Essas trocas nas redes sociais ilustram a polarização política na cidade e a busca por uma solução que atenda às necessidades e aspirações da população. #AquelaFarturaNuncaMais parece ser uma hashtag associada a esses debates políticos locais.

 

No entanto a controvérsia em torno do PDU expõe um dilema que assola Fartura: o contraste entre idealizações de projetos de desenvolvimento e a falta notória e diária de recursos para necessidades essenciais. Relatos diversos de munícipes sobre as deficiências em serviços de saúde, infraestrutura inadequada, obras realizadas apenas com verbas estaduais, mas gastos excessivos com festas advindos de verbas municipais que poderiam ser usados para atender as necessidades básicas da população como remédios, exames, benefícios eventuais ao CRAS, aos quais o prefeito diminui muitíssimo tais recursos que eram destinados a entrega de cesta básicas, aluguel social, água e luz. Sem contar o transporte da rede municipal para estudantes do ensino fundamental que estão precários, mas houveram gastos com automóveis acima da tabela FIPE. E a falta de segurança em bairros mais vulneráveis que preocupam a população, especialmente em áreas carentes onde os jovens se encontram envolvidos em criminalidade, prostituição e abuso de álcool, jogados muitas vezes nas ruas, sem patrulhamento civil, complementa Bruno Guazelli.

 

Os vereadores que votaram a favor do PDU: Nathalia Geraldo, Henrique Abuchaim, João Buranello, Felipe Dognani, Décio Martins. Os vereadores que justificaram seus votos contrários devido aos questionamentos apresentados: Paulo Gabriel, Bruno Guazelli, Anderson Lima, Marcos Baiano.

 

O debate sobre a alocação de recursos públicos continua, enquanto Fartura procura equilibrar o desenvolvimento econômico com o atendimento prioritário das necessidades básicas da comunidade. A cidade se encontra em uma encruzilhada e o resultado desse impasse pode moldar o futuro de Fartura