Em uma audiência pública que surpreendeu pela sua rapidez, com apenas sete dias de publicação, em vez dos habituais dez exigidos por lei, realizada no Anfiteatro da Escola Municipal “Professor Miguel de Góes Vieira”, na Vila Nossa Senhora de Fátima, o prefeito de Fartura, Luciano Filé, apresentou um ambicioso projeto de desenvolvimento que promete transformar a cidade e gerar empregos, infraestrutura e equipamentos novos.
O prefeito Luciano Filé destacou que esse processo teve início em 2021, quando a arquiteta Mércia Callegari empreendeu um esforço para catalogar os imóveis pertencentes à Prefeitura, muitos dos quais eram desconhecidos até então, e a partir desse levantamento, a gestão municipal se dedicou a estudar como dar um destino adequado a terrenos abandonados há anos em Fartura, daí, após extensa análise, apresentou à população a possibilidade de alienação desses imóveis.
Na oportunidade, pôde ser ouvida a voz da população e debatidos os projetos e melhorias propostos pela administração, tais como a apresentação dos imóveis municipais destinados a leilão, o projeto de implantação do novo distrito comercial e de serviços, e o projeto de implantação do Parque Central. As propostas apresentadas foram aprovadas.
Contudo, a falta de representatividade da população diversificada na audiência levantou questões sobre a participação cidadã, e se, de fato a hegemonia dos votos favoráveis que foram contabilizados na noite de quarta-feira, 27, são compatíveis com a maioria da população que não esteve presente na audiência.
Com pouco mais de 150 pessoas presentes, o prefeito foi ovacionado após sua apresentação, principalmente por prometer destinar parte dos recursos do leilão do patrimônio público para adquirir um novo terreno destinado aos catadores, cuja situação ambiental e de subsistência encontra-se em estado crítico devido à iminente exaustão do atual lixão municipal.
Uma das notas emocionantes da noite ocorreu quando uma jovem se manifestou durante a audiência para elogiar o prefeito por suas políticas de incentivo a cursos profissionalizantes. O gesto tocou o coração do prefeito e mostrou que a educação e o desenvolvimento profissional são temas que estão próximos do coração da juventude local.
POLÊMICA
Entretanto, a noite não foi completamente harmoniosa. O ex-construtor Rodney José Mazetto (Verdão), se exaltou durante a audiência, expressando sua preocupação com o destino das áreas institucionais e verdes que serão leiloadas. Ele argumentou que essas áreas deveriam servir à comunidade, com a construção de escolas, praças ou um terminal urbano, e questionou a ausência de autoridades e líderes de entidades e sindicatos locais na audiência.
Rodney também levantou dúvidas sobre a capacidade da administração municipal de gerir os recursos arrecadados com a venda dos bens públicos, especialmente quando o prefeito anunciou a construção de uma ponte, que, segundo ele, requer um investimento considerável.
Conhecido por sua visão empreendedora, Verdão destacou a importância da expansão da cidade para áreas como o Jardim Aeroporto, um empreendimento que ele próprio liderou. Ele expressou preocupação de que o projeto de desenvolvimento urbano do prefeito não considere a melhoria na acessibilidade ou a criação de infraestrutura necessária para apoiar os cidadãos que investiram seus sonhos em residir ou estabelecer negócios nesse local.
A audiência pública em Fartura deixou clara a polarização de opiniões sobre o projeto de desenvolvimento proposto pelo prefeito. Enquanto muitos estão entusiasmados com a promessa de mudança e crescimento, outros questionam os detalhes e a viabilidade do plano, além de suas implicações para a comunidade e investidores locais.
A administração municipal agora enfrenta o desafio de equilibrar as expectativas e preocupações da população à medida que avança com seu projeto de transformação urbana.