Apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram, neste domingo, 9, os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional em Brasília. Não havia informação imediata sobre mortos e feridos, mas bolsonaristas do movimento que pede um golpe contra Luiz Inácio Lula da Silva deixaram um rastro de destruição na Esplanada dos Ministérios, levando o presidente empossado há apenas uma semana a decretar uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal.
Horas depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou o afastamento do governador do DF, Ibaneis Rocha, por 90 dias. Moraes, à frente de um inquérito que há dois anos investiga os chamados atos antidemocráticos ligados a bolsonaristas, também determinou a dissolução em até 24 horas de acampamentos em imediações militares que pedem uma ilegal intervenção das Forças Armadas contra Lula.
Vestidos de verde amarelo, grupos de bolsonaristas facilmente derrubaram grades de segurança no começo da tarde de domingo até alcançar o Palácio do Planalto, onde quebraram vidros e subiram até pelo menos o terceiro andar, na antessala do gabinete presidencial.
Os invasores jogaram cadeiras usadas nas cerimônias pelas janelas no espelho d’água, e obras de arte foram derrubadas e cortadas, gabinetes invadidos e móveis quebrados. No terceiro andar, quebraram uma mesa de vidro em que ficam guardados presentes recebidos pelos presidentes de chefes de Estado, mas não teriam chegado ao gabinete presidencial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava em Brasília. O presidente passa o fim de semana em São Paulo e no domingo foi a Araraquara, no interior do Estado, para acompanhar estragos causados pelas chuvas na região.
Não há número exato de quantos golpistas estão presentes na ação em Brasília, mas imagens mostram milhares de pessoas. Anderson Torres, Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, afirmou em seu Twitter que determinou ao setor de operações da SSPDF [Secretaria de Estado de Segurança Pública], “providências imediatas para o restabelecimento da ordem no centro de Brasília”.
Bolsonaro, que jamais reconheceu cabalmente a vitória do petista e fez gestos de estímulo ao movimento pró-golpe que surgiu desde então, está na Flórida desde 30 de dezembro. Já o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que todas as pessoas que participaram dos atos, que ele chamou de “terroristas”, serão presas e enfrentarão penas que podem ultrapassar os 20 anos. “As pessoas que participaram desses atos, onde estiverem, serão presas em flagrante”, afirmou em entrevista coletiva o ministro, que chamou as invasões e depredações de “terrorismo” e “golpismo”.